Lá vai Amanda descendo a rua com sua saia rodada,cabelos compridos, sorrindo ao vento, e cantarolando melodias alegres. Tu disseste que ela demoraria mais, e me esperaria, e sempre que a vejo, ela está indo. Onde vai Amanda? Nem ela mesma sabe, ontem me disseram que ela quer ir onde o Sol pode ser tocado, e as ruas vão estar sempre molhadas, e a Lua seria de queijo e as nuvens de algodão doce. Sua imaginação era fértil, gozada e estranha certas vezes, mas principalmente inocente. 
Na manhã seguinte sai de casa na esperança de vê-la, mesmo que fosse só de longe. Mas para minha surpresa, lá estava ela, sentada à beira de minha calçada. Puxou-me a mão e disse que estava lá para me mostrar seu dia, sem questioná-la, resolvi segui-lá. Sentamos debaixo de uma árvore, e em silêncio nos olhamos, por minutos ou talvez horas, sorrimos sem pensar, cantarolamos refrões errados, e dançamos sem música, nos alimentamos de ar e terra,o vento e o calor nos afagou. Nossas mãos entrelaçadas, eu tocava seus cabelos, Amanda sorria como uma criança que acabara de ganhar sua primeira bicicleta, suas mãos pequenas seguravam fortemente as minhas, como se precisasse que eu estivesse ali.E em poucas horas escureceu, e eu disse : vamos Amanda? 
Ela respondeu: já está tarde, é minha hora, o dia foi bom e proveitoso, quente e frio, a chuva não caiu, mas estou feliz. Lhe contarei um segredo, só me escute, meu mundo morrerá ao amanhecer, e eu irei com ele.
Eu falei: O que é isso Amanda? Não diga isso. Não brinque assim!
Então ela retirou do bolso uma mecha de seus cabelos, amarrada em um laço de fita. E disse: eu permanecerei em seu coração, e quando me chamar, estarei ao seu lado. Vamos não chore, não me esqueça, não lhe esquecerei também.
Ela enxugou minhas lágrimas,me beijou a mão, e disse adeus. Eu ainda lembro seu sorriso.